Eu não quero ser agoirento…
… mas há coisas difíceis de NÃO constatar. Assistir a treinos das selecções portuguesa e holandesa de sub-21 é algo de preocupante. Por quê? Por quase tudo, basicamente. Entrar na organização de um simples treino de futebol, no caso da "Jong Oranje", é um mundo… muito (demasiado) à parte daquilo a que estamos habituados até em algumas das melhores equipas seniores da Europa. Entrar num treino da selecção portuguesa… é … assim-assim; podem ver-se “estrelas” como Nani, Moutinho, Hugo Almeida, Miguel Veloso, Manuel Fernandes e Yannick mas nada mais de verdadeiramente excitante se passa, na verdade.
Na equipa holandesa tudo mexe. O treino começa, todos fazem os exercícios… até o treinador, Foope de Haan, na frescura dos seus 64 anos de idade. Raramente há partes do relvado inutilizadas ou com gente parada (e quando digo “raramente” estou a exagerar em muito, porque não me lembro realmente de o ter visto acontecer). Quando o toque a reunir é para os remates à baliza… todos chutam (e muito bem!), sem excepção. Ou seja, tudo age como um bloco, como uma verdadeira equipa. No final, cada jogador tem um espaço para falar aos jornalistas e quando há jornalistas para falar com eles, vão, sabem que têm de ir e mesmo assim vão sem fazer cara de frete, respondem a tudo de forma concisa e clara, como bons comunicadores.
Na formação portuguesa… não. O treino começa e só Rui Caçador (graças a Deus há Rui Caçador!) acompanha os exercícios, apesar do recente susto que o afastou deste estágio. Pouco depois, a equipa está partida em grupos, estando uns em maior actividade do que outros. Rematam os “habituais”, aqueles que têm maior precisão e mais potência de chuto; os outros ficam parados ou a fazer outras coisas… mais devagarinho. E quando se trata de falar à imprensa, então aí tudo parece ser feito com uma desconfiança terrível, como se os jornalistas fossem “bichos papões”, ávidos de polémica (neste campo, em Portugal, ainda não se aprendeu que, quanto mais se “protegem” os jogadores, mais especulação se promove – e lá se vai a teoria da protecção, já que a especulação prejudica muito mais do que uma verdade, mesmo que dura e difícil).
Portugal e Holanda jogam esta quarta-feira. Eu estou preocupado, sinceramente. Foope de Haan diz que Portugal tem uma boa linha avançada e pouco mais, que é muito individualista e que lhe pode acontecer o que aconteceu o ano passado, pela mesma razão. Se calhar… está correcto.
No fundo, no fundo, espero que não esteja, obviamente. Espero que os treinos de Couceiro a que assisti sejam mesmo só para enganar e que, na verdade, tenha havido treinos “rasgadinhos” em que toda a gente “deu o litro” sem pensar se seria melhor evitar choques porque isso poderia prejudicar o próximo contrato e espero que essa coisa de os jogadores falarem a conta-gotas (e nem sempre bem) com os jornalistas seja só porque os atletas são tímidos.
Para terminar, espero que esta quarta-feira Portugal ganhe à Holanda, por muito que goste do estilo de Foope de Haan e saiba que a equipa holandesa é, provavelmente, bem superior à formação portuguesa.
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